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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Diário de bordo da Rotam


Sempre tive muita vontade de andar em uma das viaturas da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam). No final do ano passado, matei essa minha vontade. Lanchava, como de costume, na Mercearia Real, na C-1, Jardim América, quando de repente passaram na porta da lanchonete 20 viaturas da Rotam. O fato chamou minha atenção.

Paguei a conta e, de imediato deveria ter retornado à redação do jornal. A curiosidade tomou conta de mim. Liguei o carro e sai como um louco atrás das viaturas. Avistei algumas estacionadas no Cepal do bairro e pra lá eu me desloquei. Assim que cheguei, o chefe do Comando do Policiamento da Capital (CPC), coronel Motta, dava entrevista para uma emissora de televisão local

Ele explicava o motivo de tantas viaturas da Rotam na área. “Houve aumento do número de roubos e furtos a veículos na região. Portanto, a Rotam irá desenvolver um trabalho diferenciado, coibindo a ação desses criminosos”, afirmou o coronel.

Assim que terminou a entrevista, vi alguns repórteres e cinegrafistas entrando nas viaturas. Não perdi tempo. Corri até o coronel e solicitei que ele autorizasse uma viatura para mim. Pensei que ele não iria autorizar. “Brum, arruma uma viatura para esse rapaizinho aqui”, ordenou o coronel. Abri um sorriso de ponta a ponta. Renato “Brum” dos Santos é major da Polícia Militar (PM) e na época comandante do Batalhão da Rotam. Apresentei-me a ele e, como bom repórter, fiz algumas perguntas de praxe.

Perguntas respondidas, embarquei em uma blazer preta com mais quatro policiais. Fui sentado no banco de trás, entre os soldados Kennon e Tolentino, com um Fuzil Bushmaster – de alcance útil de 1.200 metros - entre minhas pernas. No banco da frente estava o cabo Filho, que dirigia o veiculo, e o subtenente Eduardo. Acompanhei por 1 hora e 40 minutos o trabalho deles. Durante esse tempo que estive acompanhando os policiais, foram abordados quatros rapazes caracterizados por eles como elementos suspeitos. O interessante é que todos eram usuários de drogas e três tinham passagem pela polícia. “É difícil abordarmos alguém que não tenha nome sujo na justiça”, afirmou o cabo Filho.

Houve uma abordagem que me deixou tenso e apreensivo. Dois homens em uma moto avistaram a viatura e mudaram o percurso que faziam. Os policiais perceberam e iniciaram a perseguição. Esse foi o único momento em que foi necessária uma postura mais enérgica dos homens de preto. Os rapazes foram abordados. Nada foi encontrado com eles. “São usuários de drogas e um deles tem passagem pela polícia”, declarou o subtenente Eduardo. De acordo com o soldado Kennon, eles estariam transportando drogas e ao avistar a viatura um deles teria arremessado o entorpecente na rua.

Ao acompanhar de perto o trabalho de uma das equipes da Rotam, pude perceber que ser um policial desta unidade não é pra qualquer um. Temos que entender que os policiais da Rotam são pessoas diferenciadas, que têm amor pelo que fazem. Sei que existem policiais muito maus e desonestos que vestem a farda da Rotam, mas sei que existem aqueles que podemos considerar policiais heróis. Se alguém me perguntasse: ir para guerra ou ser policial nas ruas goianas? A pergunta seria difícil de responder, mas acho que iria preferir ir para guerra. Pelo menos você sabe onde está o inimigo.

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